Agressividade e Violência
Comumente descrito na literatura e observado durante a rotina de manutenção e experimentação animal, a presença de agressividade exacerbada em camundongos machos, principalmente em algumas linhagens como a Swiss Webster num determinado momento nos chamou a atenção. Pardoxalmente, não nos chamou a atenção a presença de agressividade entre machos reagrupados na idade adulta. O principal fator que motivou essa linha de investigação foi a observação de que em um percentual de reagrupamentos de camundongos Swiss Webster, machos e adultos, não era detectada a presença de agressividade. Esse fato gerou a pergunta da nossa linha de pesquisa que foi: Porquê alguns indivíduos apresentam agressividade exacerbada em seus grupos, enquanto que em outros grupos, sob as mesmas condições nenhum dos animais apresentavam agressividade. A realização desse projeto baseou-se na elaboração de uma nova metodologia, simples e eficiente, chamada de Modelo Espontâneo de Agressividade (MEA) baseado no agrupamento de camundongos infantos (3 semanas de vida) e o reagrupamento desses animais entre indivíduos diferentes na idade adulta (8 semanas de vida). Logo observamos, como o clássico paradigma Residente & Intruso, o fator disparador é o estresse. Em nosso caso o estresse social promovido pelo agrupamento de indivíduos machos adultos que nunca tiveram nenhuma interação. A partir da reprodutibilidade do MEA e da aplicação de diversas abordagens neurofarmacológicas, publicamos uma série de artigos e teses. Nossos resultados preliminares demonstram que, há uma grande possibilidade de que haja algum tipo de trauma pós-nascimento ou predisposição genética, principalmente em relação ao receptor D1 para dopamina o qual encontra-se em menor expressão nos animais altamente agressivos sob estresse social, elevação intensa da dopamina e comprometimento de parte da cadeia respiratória mitocondrial. Consequentemente elevando os níveis de espécies reativas de oxigênio no tecido cerebral. De forma preliminar podemos afirmar que alguns indivíduos são mais susceptíveis ao estresse social (causa ainda a ser estudada) e desencadeiam um comportamento altamente agressivo. Muitos caminhos ainda são nossos objetivos a serem explorados, mas conseguimos delinear que o estresse social e a susceptibilidade individual e questões neurobiológicas, como a alta elevação de dopamina no córtex frontal dos camundongos são responsáveis pelo comportamento altamente agressivo. Quem sabe similar a gênese neurobiológica no ser humano?
